
A girafa Catarina era uma linda girafa pequenina, pois ainda era menina. Como todas as meninas pequeninas a nossa girafinha gostava brincar, saltar e pular. Mas também gostava de comer as folhas verdinhas e apetitosas das árvores altas da selva, que eram as mais saborosas. Na verdade as girafas adoram essas folhas e como as mais apetitosas nascem logo nos ramos mais altos das árvores, todas as girafas para as poderem comer têm um elegante pescoço comprido, mas bonito e colorido. Contudo a pobre girafinha tinha um problema que a andava a maçar, é que ela passava vida constipada, o que para uma girafa é uma grande trapalhada. Pois, com aquele pescoço comprido e a passar vida a espirrar, a pobre girafa via-se muito embaraçada. Assoar o nariz com aquele pescoço comprido era uma confusão e por vezes derrubava as folhas para o chão. A girafa Cristina que era mãe da girafa Catarina começou a ficar muito preocupada coma situação, pois cada vez que pequena girafinha se constipava era uma complicação. O que valia era que raramente chovia e com o sol a brilhar a constipação costumava ser rápida a passar.
Mas um belo dia estavam as duas girafas mãe e filha a almoçar as folhas apetitosas pelas quais eram tão gulosas e estavam tão entretidas e distraídas que nem deram por aparecerem umas nuvens atrevidas e um pouquinho malvadas, que vendo as girafas distraídas, acharam piada deixá-las todas molhadas. As pobres girafas estavam tão distraídas a comer que, quando começou a chover foram apanhadas desprevenidas, e não tinham onde se esconder. As pobres girafas ficaram encharcadas, foram para casa a correr mas já estavam todas molhadas. Tentaram secar-se o mais rápido que podiam e conseguiam, mas já não havia nada a fazer a girafa Catarina ficou tão constipada que nos dias seguintes nem conseguia comer. Foi então que a sua mãe decidiu levá-la ao médico.

O melhor da selva era o Doutor Hipopótamo Heitor, que, por ser gago era conhecido como o Doutor Heitor Tor, pois sempre que se apresentava, ficava um pouco nervoso e gaguejava. De início, o Doutor Heitor Tor pensava que os outros animais da Selva estavam a gozar com ele por ser gago, até que compreendeu, que alguns animais nem se apercebiam da sua gaguez e pensavam mesmo que aquele era o seu nome. Viu que afinal não faziam por mal, que não era por malvadez, nem estavam a gozar com a sua gaguez, e até começou a achar piada ser conhecido como o Doutor Heitor Tor.
Assim que a Girafa Catarina se aproximou, mal podendo falar, o Doutor apresentou-se:
- Olá bem-vinda ao meu consultório. Eu sou o Doutor Heitor Tor e quero curar a tua dor!
_ E eu bem preciso Senhor Doutor.- Respondeu a girafa numa voz muito sumida e fanhosa, pois tinha a garganta dorida e estava muito ranhosa.
Nem precisou de falar mais, para O Doutor Hipopótamo perceber o que estava a acontecer:
- -Pobre menina tens uma doença rara das girafas, é uma Girafite aguda, que faz com que constipes com muita facilidade. Tens de andar com o pescoço bem agasalhado, se não isso nunca vai ficar curado., e tens também de beber muito sumo de tangerina. A girafa Catarina respondeu que era fácil beber o sumo da tangerina mas o que ia ser difícil lera ter o pescoço agasalhado, era muito complicado.
O Doutor Heitor Tor depois de muito pensar chegou à conclusão que um cachecol fofinho era o melhor para agasalhar, o pescoço comprido da girafa Catarina e também lhe aconselhou quem lho podia tricotar, a sua amiga aranha Teca, que morava no cimo da Colina.
A girafa Catarina, ficou cheia de medo e disse ao doutor que tinha ouvido dizer que a aranha Teca era muito perigosa, e tinha uma enorme teia gigante onde que prendia quem apanhasse desprevenido e que enfeitiçava quem por lá passava e nunca mais ninguém voltava.

O Doutor riu a bom rir, e disse que tudo isso era um disparate sem nenhum sentido, que tinham inventado por ela morar num sítio muito escondido e ser uma aranha muito grande. Alguns animais tinham também muita inveja da Aranha ser tão habilidosa e ter uma fabulosa teia, por isso inventavam mentiras para afastar quem a quisesse visitar. Tranquilizou-a, dizendo que era amigo da Teca, que, já lhe tinha tricotado roupas para o seu filho bebé. Por isso aconselhou a Girafa a dizer que a ia aconselhada pelo seu amigo Doutor Heitor Tor, fazer o pedido de lhe tricotar um cachecol para o pescoço comprido. Como a Girafa Cristina confiava muito no Doutor não hesitou em levar a sua menina a Aranha para lhe pedir então o favor de lhe tricotar um cachecol. O caminho era ainda um pouco demorado, e Aranha morava mesmo no cimo da colina numa gruta isolada.
Assim chegaram lá depois de uma grande caminhada. Encontraram a aranha muito atarefada a tricotar um belo cachecol amarelo às bolinhas que parecia mesmo a pele das nossas girafinhas.

-Entrem, entrem, disse amavelmente sem parar de trabalhar.
-Já sei o que aqui vêm buscar! Está quase pronto a usar!
- Obrigada Dona aranha, mas como sabia?
- O doutor Heitor teve medo que demorasse para me encontrar, por isso pedia à amiga pomba Maria o favor de me avisar, que me viriam pedir uma cachecol para um a girafinha se agasalhar.
As girafas estavam encantadas com a teia brilhante e colorida onde a aranha Teca se encontrava a trabalhar e gentileza da Aranha era de pasmar. O Doutor Heitor tinha razão, melhor tricotadeira não se encontrava na região. Por isso era a inveja que a muitos fazia falar e a difamar.
A aranha como pagamento só quis que girafa lhe alcançasse umas folhas verdes e umas flores que ela não conseguia alcançar, para sua casa decorar.
Assim mãe e filha foram-se embora muito contentes, com um cachecol lindo de encantar no pescoço da girafinha Catarina que agora estava quentinho, com aquele cachecol fofinho. Assim nunca mais se iria constipar.

Conto escrito e ilustrado por mim (Flora Rodrigues) com participação da minha filha de 3 anos e meio que escolheu o nomes dos personagens do Doutor e da Aranha.
Dedicado à minha sobrinha Catarina Aleixo.
(Post programado)

A Alexandra era uma pequena e jovem zebra conhecida na sua selva por Xana das Riscas, pois como qualquer Zebra que se preze, a Xana exibia orgulhosamente um lindo pijama riscas, que cobria todo o seu corpo. Era do conhecimento de todos, que as Zebras eram senhoras de lindos pijamas às riscas e que nunca os largavam. A história que vos vou contar começou numa bela manhã de sol. A jovem zebra Xana acabara de acordar e como sempre dirigira-se ao rio para beber água e despertar, quando para sua surpresa, junto da sua amiga Libélula Bela, fizeram uma assustadora descoberta. Bela olhou para Xana e verificou que esta, estava sem riscas e perguntou-lhe:
- Que aconteceu ao teu pijama, para onde foram as taus belas riscas? Estás tão estranha que, nem te reconhecia!
A Xana pensou que a Bela acordar com vontade de brincar e nem ligou.
- Ora que brincadeira, mais tonta, como havia de eu perder as riscas? Tens com cada uma - retrucou a jovem Zebra rindo-se e foi beber água.
Mas ao beber água verificou que o seu reflexo na água, aparecia sem riscas nenhumas. Olhou e voltou a olhar. Como podia tal acontecer? Nem estava a acreditar.
- Quer dizer, que não estavas a brincar Eu estou mesmo sem riscas!!!! Onde está o meu pijama?
- Desculpa Xana, mas eu estava a falar a sério. Eu quase nem te reconhecia. Quis-te avisar, mas não me acreditaste. Não o deixaste na cama?
- Claro que não Bela. Sabes que as Zebras nunca despem os seus pijamas. Fazem parte delas. Eu ficaria sem pele!!!
-Mas não tens pijama e tens pele!
-Isto é muito estranho. E agora o que faço?
- Vamos procurar se alguém viu o teu pijama. Anda, eu ajudo-te a procurar.
-Sim .Vamos, respondeu a Xana.
O primeiro lugar que foram procurar foi na cama da Zebra. Mas dentro da relva fofinha onde a Xana dormia, não estava nenhuma risca perdida, nem rasto de que alguém lhe pudesse ter roubado o seu pijama. O único rasto que existia, era o das patas da Xana até ao rio. Decidiram procurar então ao longo do rio, para ver se encontravam quem tinha visto o pijama da Xana.
Já tinham andado uns metros quando avistaram o Elefante Mirante e o Crocodilo Murilo.

Com o elefante estavam à vontade, mas com o crocodilo todo o cuidado era pouco. Para falar com ele tinha de ser ao longe e convinha ter a certeza que este já estava de papo cheio. Mas quando o elefante estava por perto, ele não se atrevia a atacar ninguém. Por isso decidiram arriscar e perguntar. Pelo facto de o Murilo não apreciar Libélulas como petiscos, Bela achou mais seguro ser ela perguntar:
- Bom dia Crocodilo Murilo, por acaso viste o pijama da minha amiga Zebra Xana das Riscas?
- Um pijama de Zebra, sem Zebra? Não! Se o tivesse visto era sinal de que a tua amiga já nem estava por perto. - E olhou para a Xana que já não tinha riscas.
-Uma zebra sem riscas onde é que isso já se viu? De facto, ficas cómica assim sem riscas, nem tenho apetite para te almoçar.
Foi aí que o elefante Mirante se meteu na conversa. O elefante Mirante era um elefante grande e possante e todos na selva o respeitavam, até o Leão que era o rei da Selva, perante o Mirante demonstrava muito respeito.
- Murilo, vê lá se não queres sentir o peso de um elefante. Já sabes que na minha presença, não atacas nenhum animal que venha beber ao rio.
- Oh Mirante tem calma- respondeu o crocodilo Murilo, - Eu não vou atacar ninguém, sabes bem que Libélulas é petisco que, não aprecio e uma zebra sem riscas era capaz de ser muito indigesta ou até estar estragada. Além disso estou de papo cheio.
-Bem, bem deixa-te de gracinhas Murilo, que eu sei bem do que és capaz.
Aproveitando para agradecer a Xana decidiu perguntar ao Elefante Mirante se este tinha visto o seu pijama:
_Obrigada, amigo Mirante por nos protegeres. Já agora podes-me dizer se viste por aí o meu pijama?
- Não, jovem Xana. Acho melhor marcares um a reunião com o nosso rei. Ele pode – te atender ao fim da tarde. Ao pôr-do-sol é hora de trégua na nossa selva. É a hora que o nosso rei atende todos pacificamente. E como é um rei digno cumpre, com a sua palavra de respeitar a trégua.
Assim o fizeram a Zebra e a Libélula. Aguardaram pela hora da trégua para irem à reunião com o Leão. Foram perguntando pelo pijama da zebra a todos que encontram, mas ninguém o viu e todos se admiravam, de ver uma zebra sem pijama.
Assim param o tempo até que o sol se começou a pôr.
-Vamos! Disse -Bela a Libélula está na hora, não podes desanimar.
Pois a Xana começava a ficar com um ar triste.
Naquele dia, o Leão não atendia mais ninguém, por isso a Xana foi atendida rapidamente:

- Acho que já houve um caso assim na selva. Mas não fui que o resolvi. Foi Macaco Pimpão que é um grande sabichão. Por isso acho que deves ir rapidamente falar com ele antes que a noite desça.
Xana e Bela agradeceram e despediram-se. Por sorte a casa do macaco Pimpão, era ali perto.
Assim que Pimpão viu a Zebra, ela nem precisou falar:
- Olá Xana, perdeste o teu pijama e estás à procura dele não é?
- Sim, macaco Pimpão, falei com o crocodilo Murilo mas ele nada sabia, O elefante Mirante, aconselhou-me a falar com o Leão e o Leão aconselhou-me falar com o Macacão Pimpão, pois todos sabem que é um grande sabichão.
- E fez muito bem. Isso não é grave. Não perdeste o teu pijama. Apenas como estás a crescer ele está a renovar-se. Está a deixar de ser uma jovem Zebra para te transformares numa zebra adulta. Mas se quiseres enquanto as novas riscas não aparecem a minha mulher que é um a grande costureira pode fazer-te um pijama.
- Oh caro amigo Macaco Pimpão, ela não se importaria?!
- Claro que não me importo. - Respondeu a macaca Rosa que era uma costureira habilidosa.
-É só tirar-te as medidas e num instantinho faço-te um pijama de meter inveja à mais bela das zebras.

E assim foi, Xana vestiu o pijama que macaca Rosa lhe costurou. Os dias passaram-se e um belo dia a beber no lago Xana verificou que as riscas tinham voltado à sua cara, pois o pijama que a macaca Rosa lhe oferecera só lhe cobria o corpo.
-Depressa tira o pijama falso! As tuas riscas voltaram! – Disse-lhe A Libélula Bela, entusiasmada.
Xana tirou o pijama e mirou-se no rio as riscas, tinham nascido de novo e ela tinha-se transformado numa bela zebra adulta com um magnífico pijama de riscas, que metia inveja a todas as outras zebras.
- Estás fantástica. Nunca vi Zebra tão bonita. O teu pijama novo é o mais belo que já vi.
-Obrigada Bela e obrigada por me ajudares a resolver o mistério do pijama desaparecido.
- Ora, os amigos servem para isso não é? Não é só para nos divertirmos!
-Tens razão, mas foste mesmo uma amiga fantástica. Apesar de seres tão pequenina ao pé de mim, foste uma grande amiga.
-Ora, nunca ouviste dizer que os amigos não se medem os palmos. Eheh- riu-se a Libélula.
-Só mais uma coisa, o que vais fazer com o pijama que a macaca Rosa te costurou?
A xana fez um largo sorriso.
- Vou guardá-lo. É uma recordação fantástica e quando eu tiver os meus filhos. Já não têm que ir á procura do pijama, pois eu já tenho um de reserva.
- É uma boa ideia.
E riram-se as duas a imaginar um futuro feliz para a Xana, que voltara a ser conhecida na selva pela Xana das riscas, mas agora chamavam-lhe a bela Xana das riscas.

Dedicado à minha sobrinha Alexandra
Escrito e ilustrado por mim